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Adulto até 39 anos terá vacina contra a gripe A

Com maior oferta de doses no mercado internacional, governo aumenta número de pessoas que serão imunizadas. Nova faixa etária abrange 1,5 milhão de paranaense

Enquanto países europeus tentam se desfazer de estoques de vacina que encalharam, o Ministério da Saúde comprou mais 30 milhões de doses e decidiu incluir na campanha de imunização contra a gripe A(H1N1) um novo grupo: pessoas entre 30 e 39 anos que não apresentam doenças crônicas. No Paraná, a decisão faz com que mais 1,5 milhão de pessoas passem a receber a vacina gratuitamente na rede de saúde pública. Pela projeção do ministério, o estado deve receber 4,5 milhões de doses, mas o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, estima que a quantidade ultrapasse os 5 milhões.
A vacinação começará na rede pública no dia 8 de março, em todo o Brasil. As pessoas de 30 a 39 anos serão as últimas a receber a vacina, entre os dias 10 e 21 de maio. Os motivos da ampliação do público-alvo, segundo o ministro José Gomes Temporão, foram a sobra de vacina no Hemisfério Norte, o que aumentou a disponibilidade do produto no mercado internacional, e o risco de agravamento da nova gripe nesta faixa etária.
No Paraná, estado que registra a maior taxa de mortalidade pela doença, 60,9% das 294 vítimas tinham de 20 a 49 anos. O secretário Martin comemorou a ampliação, mas considerou que ela poderia ser ainda maior. “Seria bom ampliar para adultos jovens de faixas etárias menores, se pudéssemos vacinar todas as crianças em idade escolar e por aí vai”, afirma o secretário. Para ele, os estados da Região Sul do país deveriam receber mais doses porque eles registraram o maior número de mortes.
No total, serão imunizadas 91 milhões de pessoas no Brasil. Mais 20 milhões de doses ficarão armazenadas para suprir perdas durante o processo e para a possibilidade de vacinar outros grupos. Dessa forma, devem ser montados 36 mil pontos de vacinação em todo o país. O ministro da Saúde fez um apelo para que os municípios tenham horários ampliados de vacinação, inclusive para os fins de semana. Em Curitiba, a estratégia de vacinação será definida nos próximos dias.
Valores
As doses extras da vacina foram adquiridas do laboratório francês Sanofi-Aventis ao custo de R$ 300 milhões. Ao todo, o gasto do governo federal com medicamentos e vacinas para a nova gripe chegará a R$ 1,8 bilhão, mais do que o R$ 1,4 bilhão in­­vestido no ano passado no programa de aids, um dos mais caros do ministério.
Questionado sobre o fato de a atuação do governo brasileiro estar indo na contramão do que está ocorrendo na Europa, Temporão afirmou que, uma vez comprovado que a vacina é eficaz, não haveria por que não proteger a população. Ele disse ainda que os brasileiros têm uma cultura de adesão a campanhas de vacinação maior do que na Europa, acrescentando que a situação nesses países é diferente da verificada nos Estados Unidos, no México e no Canadá, onde a procura pela imunização foi maior. Temporão afirmou também que o Brasil levará vantagem sobre os países europeus por iniciar a vacinação antes do inverno, enquanto eles começaram a imunização já no início da segunda onda de aumento de casos.
Nos dois últimos meses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem sido acusada de aumentar o alarde em relação à gripe para favorecer interesses econômicos de laboratórios farmacêuticos. Nesta semana, a organização afirmou que seria prematuro dizer que a pandemia já atingiu seu pico, mas reconheceu que ela não foi tão grave como se pensava.

26/02/2010